A Noruega realmente é cara pra caralho. Estupidamente cara, mas, valeu a pena. É um país estupidamente bonito. Cenários de filme. Não é a toa que a locação final pra ser rodado “O senhor dos anéis”, ficou entre Noruega e Nova Zelândia. Saímos da Finlândia, com cara de Finlândia. Chuva, frio e nevoeiro e chegamos à Letônia com cara de Recife. Quente pra caralho, novamente!! De lá, finalmente pegamos nosso vôo final com destino a Bergen, Noruega, onde aconteceria mais um show do Iron Maiden nessa minha louca turnê seguindo os caras. Pingando de país em país, cidade em cidade, aeroporto em aeroporto, albergue em albergue. É informação pra caralho! Às vezes, esqueço onde estou, qual idioma falar, pra onde estou indo e o que estou fazendo. Cheguei a Bergen por volta das 21h da segunda, dia 09 de agosto. O plano era dormir no aeroporto mesmo e, assim, economizar um dia de albergue, já que tudo aqui na Noruega é o olho da cara. De cara, acho um brasileiro no aeroporto dizendo: Brasil!! Já que eu estava com a camisa azul da seleção, era fácil reconhecer. Na imigração, muito simpática, perguntaram se a gente tava junto, dissemos que não e nos liberaram sem mais perguntas e com toda simpatia do mundo. Achei que iria chegar ao aeroporto e ao menos ter internet. Que nada! Além de minúsculo, o aeroporto de Flesland não tinha sequer o lugar de informação funcionando. Ficou difícil, assim, hein! O jeito, foi “montar acampamento” nas cadeiras do aeroporto e ficar olhando pro nada mesmo, já que nem internet eu teria pra passar o tempo. Alguns minutos depois, aparece mais um!! “Brasileiro?” – perguntou o rapaz. Respondi que sim e ficamos de papo até cada um capotar prum lado, hehe. Muito simpático o Leandro. Estudante de engenharia, estava morando em Bergen há oito meses e me deu dicas importantes dos costumes e modos de vida noruegueses...
Bergen é uma linda cidade, apenas 250 mil habitantes. O que impressionou ainda mais o Maiden ter conseguido levar 20 mil pessoas pra um show. 20 mil pessoas numa cidade de 250 mil pessoas!! Essa banda realmente é única. Puta que me pariu!! Quase 10% da população no show dos caras. Onde quer que eu vá, a adoração é a mesma. Ninguém tá me contando. To vendo com meus olhos. Tudo. Dia a dia
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Ao contrário da Finlândia, cheguei à Noruega com cara de Noruega. Frio do cacete. Doía pra respirar e saia vapor da boca. Senti que tava ficando doente. Mas, firme e forte, agüentei o tranco. Muito suco de laranja, banana, camisa enrolada no pescoço e nariz pra proteger o meu pulmão do frio. Pobre pulmão. Tem sido muito exigido nessas mudanças constantes de cidades e países. Não posso reclamar da minha saúde que, até agora, está de ferro. Peguei três ônibus pra chegar ao albergue, mas, quando cheguei, valeu à pena. Eram montanhas, cachoeiras, lagos e florestas pra todo lugar. Realmente uma cidade linda. Bergen quer dizer sete montanhas, que é o que traduz a cidade. E traduz com beleza. Meu albergue ficava no alto duma montanha e tinha uma visão linda. Montanhas, florestas, mar. Estava eu ali? Era verdade?
Assim que consigo conexão, ótima notícia, vazou o novo álbum do Maiden, seis dias antes do lançamento oficial. Após penar pra conseguir o Download, lá fui eu pro quarto, ansioso ouvir. Bem protegido do frio, foi uma experiência ótima ouvir o novo álbum do Maiden em Bergen, na Noruega, com aquela vista linda. De cara, gostei de cada uma das músicas do novo álbum o que é extremamente raro. Meus ouvidos são mulheres exigentes e difíceis de agradar. A chance de gostar de músicas novas de primeira ouvida é rara como nevar no Recife. Nevou no Recife...
O álbum é fantástico. Após ouvir mais algumas vezes, com mais atenção, ainda não consegui encontrar defeitos. A ansiedade agora, começa pra ouvir essas músicas ao vivo que, sem sombra de dúvidas, soarão ainda melhores que no álbum. Gerou-se uma grande expectativa com esse novo álbum do Maiden e, pelo visto, expectativas muito bem atendidas. The Final Frontier, sem dúvidas, é o melhor álbum do Maiden dessa fase nova, desde a volta de Bruce e Adrian em 1999. Maduro, progressivo, ousado, pesado, inovador. Um Maiden diferente, porém com seus ingredientes intactos. Fantástico!!
SETLIST IRON MAIDEN
01. The Wicker Man
02. Ghost Of The Navigator
03. Wrathchild
04. El Dorado
05. Dance Of Death
06. The Reincarnation Of Benjamin Breeg
07. These Colours Don't Run
08. Blood Brothers
09. Wildest Dreams
10. No More Lies
11. Brave New World
12. Fear Of The Dark
13. Iron Maiden
14. The Number of the Beast
15. Hallowed Be Thy Name
16. Running Free
Esse show da Noruega, pessoalmente, tinha algo de especial. Iria junto com uma antiga amiga de Recife que mora em Trondheim, a terceira maior cidade da Noruega com 150 mil pessoas. Ela tava vindo de lá pra ver o show aqui em Bergen e eu, nessa minha turnê maluca. Muito bom encontrar um amigo do outro lado do mundo. Ótima sensação de estar em casa... Pegamos um ônibus do albergue ao centro e lá deixamos nossas mochilas e coisas. O show, ficava há uns dez minutos caminhando dali, o que foi um prazer, hehe. Pequena, mas linda cidade. Metaleiro com camisa do Maiden pra todos os lados. Todas as idades. O que é que essa banda tem? Hehe.
Vimos o show de abertura do Dark Tranquillity. Boa apresentação. Compentente, mas, não é minha praia e, sejamos honestos. Abrir pro Maiden é, ao mesmo tempo, uma honra e uma maldade, hehe. O Iron Maiden entrou pontualmente às 21h locais com o fôlego de sempre. Com palco seco dessa vez, Bruce não levou tombo nenhum logo na entrada com The Wicker Man, mas, novamente, a chuva apareceu. E forte. Algo incomum até pros padrões de Bergen. Chove pra cacete lá. É a cidade que mais chove na Europa, mas, nunca forte. Choveu forte, mas nada se comparado à tempestade destruidora da Finlândia. Choveu forte, molhou todo mundo e tornou o show mais bonito que, debaixo de chuva e com uma linda iluminação que mudava de cores o tempo todo e subia e descia como na época da World Slavery Tour deu um tom de charme ao show. Ao meu lado, um norueguês empolgado de seus 20 anos que cantava cada música e se empolgava mais quando eu pulava do lado. Estranhos esses noruegueses, ehehe. Mulher bonita pra cacete, mas feia também. Os discursos de sempre, mas uma banda competente como sempre. Mais uma noite, assim como todas, o Bruce dedicou a Blood Brothers a Dio e fez seus tradicionais discursos. Voltariam em breve, em alguns dias, o The Final Frontier seria lançado e a coisa de sempre. Depois do show espetacular da Finlândia, era meio que natural que esse fosse mais frio e sossegado e assim foi. Não que tenha sido ruim, de jeito nenhum, mas, dos cinco que fui até agora, Irlanda, Inglaterra, Alemanha, Finlândia, esse, da Noruega, foi o mais fraco. Que venham os cinco próximos e últimos shows desse ano dos ingleses: Hungria, Romênia, Itália, Bélgica e Espanha. Após essa maratona, darei uma sossegada e passarei mais tempo num país só e, lá, descansarei pra, com mais calma, concluir essa minha viagem maluca e sem noção. Falta pouco mais de um mês ainda de estrada e ainda passaremos por Hungria (Budapeste), Romênia (Cluji Napoca, Brasóvia e Temissora), Itália (Roma, Veneza e Milão), Bélgica (Bruxelas), Espanha (Valência, Madri e Barcelona), Holanda (Amsterdã), Dinamarca (Copenhage) e Noruega novamente, dessa vez, Oslo. E finalmente estaremos de volta ao Brasil após quase quatro meses na estrada. Eu, eu mesmo e eu novamente, sempre. Prontos pra novas aventuras em 2011? Ainda temos um mês e dois dias por aqui. Muita coisa a acontecer. Lá vamos nós do lado de cá. Firmes e fortes. Fiquem do lado daí, igualmente, firmes e fortes. Up the Irons